
Para uma melhor compreensão dos acontecimentos que precipitaram a queda da Bastilha, a Revolução Francesa, e a decapitação de Luís XVI e Maria Antonieta, é necessário conhecer um dos factos mais escandalosos que viriam a comprometer a Monarquia e a Igreja Católica, lançar “um lamaçal na cruz e no cetro”: o caso do colar. Assemelha-se a um conto das mil e uma noites, tão fantástico que pareceria impossível de inventar, por mais brilhante que fosse o escritor. Só um historiador e investigador com a competência e o alcance de Frantz Funck-Brentano (1862-1947) poderia ser capaz de trazer à luz a história deste processo, presente na vasta documentação da Bastilha, compilada e catalogada por ele, na época curador da Biblioteca do Arsenal, em Paris, onde se encontravam os registos. Premiado e condecorado pelos seus trabalhos académicos e literários, tal como pelos numerosos escritos e estudos acerca do Ancién Regime e a História de Paris, Funck-Brentano foi membro do Institut de France e presidente da Société des études historiques.
Entre os múltiplos processos da História, talvez nenhum outro tivesse influenciado tanto uma mudança nos destinos da França, e do mundo, como o caso do colar, “prelúdio da Revolução” segundo Mirabeau. Este acontecimento foi capaz de fazer com que as aclamações e brados de júbilo que acompanharam a receção e o cortejo dos Delfins se transformasse, alguns anos depois, num chorrilho de brados, slogans e intrigas, que acompanhariam o Rei e a Rainha ao cadafalso. Este livro narra um acontecimento histórico que inspirou obras de cinema e de teatro, entre elas uma de Goethe, que o considerou “prefácio imediato da Revolução”. Alexandre Dumas insere-o nos seus escritos; N’Os Miseráveis, Victor Hugo faz-lhe alusão. A história do caso do colar, em si mesma, nunca foi traduzida para o português. Pelo menos, tal como ela aconteceu, como a estudou, investigou e narra Funck-Brentano. Este acontecimento foi capaz de transformar as realidades sociais e políticas da Europa, talvez o mais radical, importante e decisivo até aos nossos dias. “A partir do caso do colar, a França precipita-se na Revolução. A realeza perde o seu prestígio, Maria Antonieta é, antecipadamente, destronada”, considera um dos mais insignes biógrafos da Rainha, Pierre de Nolhac.
A história do caso do colar, em si mesma, nunca foi traduzida para o português. Pelo menos, tal como ela aconteceu, como a estudou, investigou e narra Funck-Brentano. Comprei num alfarrabista francês, há alguns anos, a obra L’Affaire du Collier, uma raridade, publicada em 1935. Dada a elevação da linguagem e a antiguidade da obra, e para ajudar cada leitor, mesmo aqueles pouco habituados a estes temas e tempos, junto algumas notas de rodapé que esclarecem, sem exagerar nem impor, senão à medida da necessidade. Encontrei outros textos de Funck-Brentano, de apresentação à obra e alusivos a ela, com mais detalhes, que julguei enriquecedor citar. Acrescento no fim um Posfácio com algumas considerações e acréscimos que julgo serem importantes e saciarem a curiosidade do leitor, tal como uma Bibliografia, que não consta no original, com as respetivas fontes, à guisa de sugestão para um estudo mais aprofundado. Julgo dar assim uma ainda maior credibilidade histórico-científica à obra.
FUNCK-BRENTANO, Frantz. O Caso do Colar. Tradução e notas de José Victorino de Andrade. Lisboa: Euedito, 2022. 208p.
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